Levantou-se lentamente, como se carregasse uma carga muito grande, pesada demais para seu corpo.
Sentia-se cansada e desanimada.
Mal olhou pela janela.
Não viu o sol se mostrando num raio multicolorido.
Não ouviu os pássaros cantando.
Não deu atenção para a suave brisa que embalava os galhos das árvores.
Foi checar as mensagens no celular e constatou que estava sem sinal.
Tentou ler os e-mails no computador e notou que estava sem conexão.
Sua indignação se misturou ao cansaço e à irritação da noite anterior.
Um turbilhão de raiva se formou em seu interior.
Assim que o sinal retornou, apanhou o telefone e discou.
Mal ouviu a voz da funcionária do atendimento, descarregou sobre ela sua insatisfação por conta dos sucessivos problemas ocorridos.
A moça ouviu palavras ríspidas, num tom de voz que lhe feria os ouvidos.
Terminada a enxurrada de reclamações, a atendente fez uma pergunta que pareceu irônica aos já irritados ouvidos da consumidora.
Foi a gota que faltava.
Despejou na jovem toda a fúria que sentia, acrescida da frustração que carregava.
Sua ira não distinguia o que era de âmbito pessoal do profissional. Tudo se misturava e jorrava de sua boca como lava destrutiva.
Não falava, gritava.
Sentia-se desrespeitada em seus direitos de consumidora e desrespeitava o ser humano que estava do outro lado da linha.
Totalmente desequilibrada, não conseguia se conter.
Atacava ferozmente quem julgava ser a causa de seu aborrecimento.
A operadora tentou falar, mas foi interrompida, de forma brusca.
Pensou em cortar a ligação, mas sabia que o sistema retornaria a chamada e concluiu que pioraria a situação.
A mulher estava muito nervosa.
Teve um mal estar e acabou desligando.
Do outro lado da linha, a funcionária suspirava pesadamente.
Depois de outros telefonemas como aquele, teve um ataque de pânico e acabou sendo afastada do trabalho.
O problema que motivara o telefonema não foi resolvido e as duas terminaram o dia com grande sobrecarga emocional, desequilibrando o corpo e a mente.
* * *
Quantas vezes, abalados por questões pessoais, acabamos despejando sobre os outros, ao menor sinal de contratempo, nossas angústias e irritações, sem avaliar que eles, nem sempre, são responsáveis pelos nossos problemas.
Cegos pela raiva, não ouvimos, pois a ira não permite o diálogo.
Ela afasta a razão e a consciência de que estamos lidando com alguém que, como nós, também tem sentimentos.
Ao nos depararmos com questões graves e importantes, é preciso ter em mente que a pessoa que nos atende poderá não ter a solução de que necessitamos no momento, mas poderá ajudar a conduzir o problema de maneira menos desgastante.
Tudo dependerá da forma como nos posicionarmos.
Se nos irritarmos e agredirmos, difícil se tornará o entendimento.
Se buscarmos o diálogo e a conciliação, descobriremos recursos que ajudarão a encontrar a melhor solução possível.
Redação do Momento Espírita
Fonte da imagem: Internet Google
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário é muito importante! Que a Paz de Jesus esteja sempre contigo! Volte sempre!