Image Map

quinta-feira, 12 de março de 2015

A ÁRVORE DA VIDA...

 
Nas regiões do plano espiritual - escalonadas de acordo com o grau evolutivo dos que a habitam - acontecem casos e coisas, tal como aí na Terra. E, nem por sermos espíritos desencarnados somos criaturas estranhas, despidas de hábitos e costumes, como se procedêssemos de outros lugares, ou de terras desconhecidas.

Há, aqui, os que trabalham servindo os que necessitam de assistência, os que cultivam o ódio e a vingança, os ociosos, os displicentes, os loucos, os frívolos e quantos mais para cá se transbordam com todos os vícios e virtudes da vida humana.

E foi assim que, em uma de minhas andanças por ensolarada estrada que ia dar em uma Casa Transitória - instituição que abriga os recém-desencarnados até sua adaptação à nova vida - encontrei um ancião que, trôpego, caminhava a passos lerdos e difíceis, apoiado em rústica bengala.

De sua fronte, suarenta, grossos pingos escorriam na face enrugada. Fatigados por tantos anos, seus olhos sem brilho fitavam o chão.

Exausto, às vezes parava para recuperar as forças.

Aproximando-me, senti que me oprimia o coração e procurei segurar-lhe o braço como um apoio.

- Aonde vai, irmão, assim tão cansado? - indaguei.

Erguendo os olhos, o ancião fitou-me, entre surpreso e esperançoso:

- Ah! Graças a Deus apareceu alguém para me ajudar! - exclamou, acrescentando:

- Caminho, não sei por quanto tempo, sem parar! Sinto fome e sede e não encontro viva alma que me auxilie!

- De onde vem, meu bom velho? E, por que nenhum companheiro o ajudou?

Antes de responder, procurou, em torno, na beira da estrada, um lugar onde pudesse sentar-se. Logo adiante, a poucos passos, um tronco de árvore serviu-lhe como banco.

- Puxa, até que enfim posso descansar a carcaça! Fitando-me com curiosidade, indagou:

- Meu filho! Por que se interessa por um velho desconhecido? Meus enormes pecados, quando vivia no mundo material, trazem-me dolorosas penitências e terríveis sofrimentos! Na verdade, pelo que fiz, não mereço piedade.

- Ora, somos todos irmãos, meu amigo. Aqui no mundo espiritual, o que temos a fazer é ajudar uns aos outros, em nome do Cristo que nos recomendou amarmos o próximo como a nós mesmos.

- Ah, sim... - retrucou, reticente, continuando a fitar-me, com ar incrédulo.

Vendo que o ancião tinha os lábios ressequidos, ofereci-lhe água do meu cantil e um pedaço de pão que trazia num embornal*. Recebeu a dádiva agradecido e resolveu, por fim, responder:

- Não sei, exatamente, de onde venho. Parece, entretanto, que ainda tenho muito que andar. Viajo em busca da Arvore da Vida que, segundo me disseram, dá bons frutos para saciar a fome e um suco, como água cristalina, capaz de curar todas as doenças do corpo e do espírito!

O homem idoso, depois de uma breve pausa, acrescentou:

- Custe o que custar hei de encontrá-la! Se for preciso, caminharei por anos ou séculos a fio.

-Tem, então, meu bom amigo, muita fé e esperança?

- Sim, tenho! E se Deus e nosso Mestre Jesus me derem forças, haverei, um dia, de comer o fruto dessa árvore! - exclamou, persignando-se.

Nesse instante senti um calor e uma luz intensa a envolver-me e ao ancião também.

Profunda emoção e carinho mútuo recobriram nossos espíritos, enquanto uma voz se fez ouvir.

- Está na hora, irmão, de pôr fim à jornada de andarilho. Por várias encarnações, além de agasalhar sentimentos egoísticos, zombou da fé dos que guardavam a esperança na salvação das obras de caridade e de amor fraterno.

- Quem é ele? - indaguei, curioso, à voz.

- Um simples peregrino da dor, como tantos que existem no mundo.

Dirigindo-se a mim, acrescentou:

- A você cumpre indicar-lhe, em recompensa à fé que lhe aquece o coração, o caminho da Arvore da Vida!

-Como?

Foi quando a luz se transformou na figura veneranda de um pastor apoiado em um bordão de apascentar ovelhas.

Estendendo a mão, ofereceu-me um livro que refulgia em cintilações de ouro. Com uma voz doce e afetuosa, falou:

- Eis aqui a Árvore da Vida! Alimentem-se de seus frutos e bebam de sua seiva!

Atônito, com a visão do pastor diluindo-se, lentamente, entre sorrisos, peguei o livro e li, na capa, em letras de ouro: Evangelho.
 
Irmão X
Fonte da imagem: Internet Google

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seu comentário é muito importante! Que a Paz de Jesus esteja sempre contigo! Volte sempre!