“O que existe, já havia existido: o que existirá, também já existiu” (Ecl 3, 15).
“Eu era um jovem de boas qualidades e tive a sorte de ter uma boa alma,
ou melhor, sendo bom, vim a um corpo sem mancha” (Sb 8, 19).
“Porque nós somos de ontem e nada sabemos...”. (Jó 8, 9).
Com Jesus o assunto é tratado diversas vezes sendo o mais notável o Seu diálogo com Nicodemos, inscrito no Cap. 3 v. 1 a 12 do evangelho de João. Coube, contudo, ao espiritismo a tarefa de levantar o véu do assunto e expo-lo de forma clara para que todos pudessem entender e transformar-se tendo em vista os processos da evolução contínua. Verificando a questão 628 de “O Livro dos Espíritos” quando Kardec pergunta por que nem sempre a verdade foi colocada ao alcance de todos, os Espíritos respondem dizendo que: “É preciso que cada coisa venha a seu tempo. A verdade é como a luz: é preciso habituar-se pouco a pouco, senão ela ofusca”. Mais adiante e na mesma questão podemos ler que: “... Nunca aconteceu de Deus ter permitido ao homem receber comunicações tão completas e tão instrutivas como as que lhe é dado receber hoje”.
Referindo-se aos estudos das Doutrinas Secretas do passado os espíritos informam que havia nas antigas eras indivíduos que tinham a posse do que consideravam uma ciência sagrada e da qual faziam mistério para aqueles que consideravam profanos. Contudo, a Doutrina Espírita nos dá explicações para uma infinidade de coisas que até hoje pareciam sem nexo. A reencarnação é um belo exemplo. As doutrinas espiritualistas dizem dela, contudo não a explicam em seus fundamentos e tampouco em suas causas e na dinâmica da sua presença entre todos nós para nos fazer evoluir.
O Espiritismo traz à tona todo o processo que envolve a reencarnação, esclarecendo e justificando-a de maneira lógica e sensata, inclusive mostrando que Deus, através dos múltiplos renascimentos dos seus filhos, promove, não só a evolução intelectual dos mesmos como também o brilho de alma que todos necessitamos alcançar pela prática contínua do amor, da justiça e da solidariedade. E praticar tudo isto com galhardia e sensatez necessitamos justificativas plausíveis que somente obteremos pelo conhecimento da Lei de Causa e Efeito, tão bem trabalhada pelo processo da reencarnação. É bom sabermos ou relembrarmos que todos estamos submetidos a tal Lei inexoravelmente.
Presentemente a ciência vem tratando do assunto o que tem levado vários segmentos da mídia incorporar em seus noticiários, artigos, entrevistas ou seriados televisivos a pauta da reencarnação. De tão necessário o seu entendimento o homem hodierno não pode mais ficar alheio a este conhecimento. A soberania da reencarnação posta-se hoje como uma ferramenta necessária às nossas mudanças de comportamentos, visando uma sociedade melhor, se assim de fato desejarmos.
Os pesquisadores Betty Repacholi e Alison Gopnik da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos descobriram recentemente que crianças de um ano e meio podem entender que eu posso querer uma coisa enquanto você quer outra, em contraposição às propostas do filósofo John Locke do século XVII e Jean Piaget, psicólogo educador do século passado, que afirmaram ser a criança uma página em branco onde se inscreve os caracteres familiares e culturais para a formação da sua personalidade. Os pesquisadores citados acima afirmam ainda que aos quatro anos de idade a compreensão de psicologia cotidiana da criança é ainda mais refinada. Conseguem explicar, por exemplo, se uma pessoa está agindo estranhamente porque acredita em algo que não é verdade.
O mais impressionante ainda é que as crianças usam estatísticas, como os cientistas, para tirar conclusões sobre o mundo, de acordo com os estudos de Fei Xu também da Universidade da Califórnia, que fez experiências utilizando bolas de pingue-pongue das cores brancas e vermelhas, concluindo que “... bebês são analistas estatísticos habilidosos. Crianças de quatro anos são peritas em interpretar evidências para desvendar causas e efeitos”.
Estudos e descobertas como essas só confirmam o processo dos renascimentos. Sim, há uma vida anterior, ou vidas anteriores. Sabe-se que o cérebro com toda a sua complexidade é fruto de milênios de experiências da mônada divina em suas várias existências a partir do mineral, como nos é informado pela espiritualidade. Na questão 171 de “O Livro dos Espíritos” lemos que: “Todos os espíritos tendem à perfeição, e Deus lhes fornece os meios de alcançá-la através das provações da vida corporal. Porém, em sua justiça, Ele lhes reserva – para suas novas existências – a realização daquilo que não puderam fazer ou cumprir numa primeira provação” de acordo com os comentários de Kardec.
Assim, a ciência caminha para a confirmação do processo reencarnatório. Iam Stevenson, eminente professor e doutor da Universidade da Virgínia, também dos Estados Unidos, peregrinou pelo mundo à cata de provas científicas da reencarnação através de relatos de crianças que se diziam seres reencarnados, apontando antigas famílias, detalhando suas vivências anteriores e confirmados pelos ex-familiares e pessoas ligadas ao assunto, tais como vizinhos e parentes. O livro “Reencarnação – Vinte Casos” de Iam Stevenson deve ser lido e analisado por todos aqueles que se interessam pelo assunto, crentes ou cépticos. Conclusões que hoje se chegam a respeito do assunto pelos investigadores científicos dão conta de que “Neurocientistas começaram a entender alguns mecanismos cerebrais que permitem todo esse aprendizado. O cérebro de bebês é mais flexível que o de adultos.
Tem muito mais conexões entre neurônios, embora nenhuma delas seja particularmente eficiente, mas com o passar do tempo eles desatam os conectores inutilizados e fortalecem os úteis. O cérebro do bebê também tem um nível elevado daquelas substancias químicas que mudam facilmente as conexões. A região cerebral chamada córtex pré-frontal é distintamente humana e leva um tempo longo para amadurecer. Capacidades de concentração, planejamento e ações eficientes dos adultos são governadas por essa área e dependem do longo aprendizado que ocorre na infância. Pode ser que aos vinte anos ainda não estão completamente desenvolvidos” conforme enfatiza Alison Gopnik.
Aqui vale o comentário sobre ao longo aprendizado que ocorre na infância. Já dizia Platão que: “conhecer é recordar a verdade que já trazemos em nós, inerente ao aparato racional e intuitivo de que somos desde o nascimento dotados. Nesse sentido, aprender é mesmo descobrir o que já sabemos.” então na fase supra citada o espírito está realizando o processo do avivamento das lembranças do passado através dos conhecimentos do presente, tudo de acordo com suas necessidades na atual existência. “A falta de controle pré frontal detectado nas crianças parece ser enorme obstáculo, mas na realidade poder ser tremendamente útil para o aprendizado.
Inibe pensamentos ou ações irrelevantes o que pode ajudar os bebês e crianças pequenas a explorar o mundo livremente. Longe de serem meros adultos inacabados os bebes e as crianças pequenas são primorosamente projetadas para evolução para mudar e criar, aprender e explorar. Nossas realizações mais valiososas são possíveis porque já formos crianças dependentes e indefesas. Infância e dedicação são fundamentais para nossa qualidade de seres humanos. Eu decidi investigar casos que chamaram a minha atenção e passei a publicar relatórios sobre eles. Renasceu em mim o antigo interesse sobre reencarnação” afirma ainda o Dr. Ian Stevenson.
A professora Dalva Silva Souza é membro da Federação Espírita do Estado do Espírito Santo. Em seu livro: “Os Caminhos para o Amor”, editado pela FEB em 2005 nos fala que “... cada um é, antes de tudo, herdeiro de si mesmo e o meio em que o indivíduo renasce tem a ver com sua história anterior, é determinado pelo rigoroso mecanismo da lei de ação e reação que rege o mundo moral. Compreendemos, por conseguinte, que todo renascimento representa um projeto de renovação e crescimento para todos os que estão envolvidos afetivamente: pais e filhos”.
O Dr. Alison Gopnik é psicólogo e atua na U. da Califórnia, em artigo recentemente publicado comenta que: “crianças pequenas sabem, vivenciam e aprendem muito mais que cientistas acreditaram ser possível”. Diz ainda que no fim do século XX alguns cientistas já argumentavam que os bebês devem nascer cientes de muita coisa que os adultos sabem sobre comportamento de objetos e pessoas. “Estão longe de ser páginas em branco. Eles aprendem sobre o mundo que os cerca através das próprias experiências.” Conclui. Susan A. Gelman – U. Michigan – descobriu que elas acreditam que animais e plantas tem uma essência. Andrew N. Meltzoff – U. Washington demonstrou que recém nascidos já entendem que pessoas são especiais e imitarão suas expressões faciais.
Bebês olham mais demoradamente para situações novas e inesperadas que para as previsíveis. Pesquisadores utilizam esse comportamento para descobrir qual é sua expectativa. Henry Wellman, da U. de Michigan e Ann Arbor analisou gravações de conversas infantis espontâneas para obter pistas sobre como os pequeninos pensam. Os cientistas descobriram que os bebês sabem de muito mais coisa a respeito do mundo que os cerca do que se pensa. Renée Baillargeon da U. de Illinois e Elizabeth S. Spelke, da U. Harvard constataram que bebês entendem relações físicas elementares como trajetórias de movimento, gravidade e contenção. Olham com mais atenção para um carrinho que parece atravessar uma parede sólida que para situações que se encaixam em princípios fundamentais da física cotidiana. Entre três e quatro anos, as crianças tem idéia básica sobre biologia e uma compreensão inicial de crescimento, herança e doença. Assim vão além das aparências perceptivas superficiais quando pensam sobre objetos.
Todas essas contribuições da ciência moderna acerca de bebês e crianças pequenas vêem ao encontro dos estudos sobre reencarnação. Ora, se um bebê ou uma criança pequena participa de forma tão ativa do mundo que a cerca donde vem essa capacidade? Herança biológica? Herança cultural? Herança familiar? Mas, ainda não houve tempo para tanto. Heranças são adquiridas ao longo do tempo e das experiências, do trabalho, da dedicação e da fidelidade de herdeiro. Como entender as afirmações científicas acima tão somente levando-se em conta a teoria da existência única.
O apóstolo Paulo de Tarso, afirmou que nascemos uma única vez. Sim. Uma única vez Deus nos criou e nos ofereceu as várias existências corporais para o nosso aprimoramento. Numa só existência é impossível conhecer o todo e, principalmente, livrar-nos de tantos erros e imperfeições. Allan Kardec em seu cômputo de instruções assevera que a reencarnação “É a volta da alma ou Espírito à vida corpórea, mas em outro corpo especialmente formado para ele e que nada tem de comum com o antigo”. Joanna de Angelis em seus apontamentos afirma que “Conhecida como palingenesia entre os povos da antiguidade e ora denominada metensomatose pelos modernos investigadores, a reencarnação é expressiva doação divina para o enobrecimento do espírito em evolução”. Ney Lobo, emérito professor e respeitado confrade das lides espíritas, em seu livro: Filosofia espírita da educação coloca que “A ontogênese biológica é repetida em muitas existências sucessivas de cada Espírito humano em novos corpos físicos gerados pelos pais”.
Várias são as perguntas feitas sobre a tese do esquecimento temporário das vidas passadas. Sim, muitos não entendem o porquê desse esquecimento já que sou herdeiro de mim mesmo. Contudo vale a pergunta seguinte: E se soubéssemos o que fomos anteriormente, será que ajudaria no processo presente? Temos que considerar que as leis naturais são a expressão da verdade instituída por Deus. Assim, muitas vezes nossas perquirições devem partir desse princípio divino. Ora, se Deus optou por esquecermos temporariamente nossos feitos anteriores, certamente tinha várias razões para isso. Saindo da proposta dos “mistérios divinos” vamos tentar entender. Valendo-nos das anotações do Padre Marchal, em seu livro “O Consolador” lemos que: “O esquecimento do passado, este bem maior da vida, seria um véu equilibrante evitando as naturais desarmonias se participássemos das outras vivências passadas; nossa atual celebração não suportaria tamanha carga de emoções, que impediriam novas construções psicológicas”. Emmanuel reforça anotando que: “O esquecimento temporário do passado, nessas existências fragmentárias, obedecendo às leis superiores que presidem o destino, representa a diminuição do estado vibratório do Espírito, em contato com a matéria”.
Citando o celebre capítulo “A Reencarnação de Segismundo” inscrito no livro “Missionários da Luz” Alexandre, instrutor de André Luiz, comenta que: “O Espírito que odeia ou que se coloca em posição negativa, diante da Lei de Deus, não pode criar vida superior em parte alguma. Há fecundações físicas e fecundações psíquicas. As primeiras exigem as disposições das formas e as segundas efetuam-se nos resplandecentes domínios da alma, em processo maravilhoso de eternidade. Não há criação sem fecundação. As formas físicas descendem das uniões físicas. As construções espirituais procedem das uniões espirituais”.
É complexo o fenômeno da reencarnação. Ainda bem que o espiritismo nos fornece elementos para seu estudo. Não basta um dogma. Não basta afirmar que algo existe. É necessário que passe pelo crivo do empirismo. Ele pode confirmar ou aproximar da realidade ou não do que se afirma. O espiritismo também é ciência, está de braços dados com ela. Seus postulados necessitam ser comprovados para que a humanidade tenha pilares firmes onde estabelecer seu futuro. Em importante revista de ciências seus editores colocam que “Trinta anos atrás psicólogos, filósofos e psiquiatras julgavam que bebês e crianças pequenas eram irracionais, egocêntricas e amorais.
Acreditavam que se limitavam ao concreto do aqui e agora – incapazes de compreender causas e efeitos, imaginar as experiências de outras pessoas, ou apreciar a diferença entre realidade e fantasia. Frequentemente ainda são vistas como adultos imperfeitos. Trinta anos para trás descobriram que sabem muito mais do que se possa imaginar. Desvendam o mundo de modo muito semelhante ao do cientista: experimentos, análises estatísticas e formação de teorias intuitivas no âmbito dos mundos físicos, biológicos e psicológicos”. Ainda reportando ao livro Missionários da Luz é notável o momento em que Segismundo é levado para o útero da sua futura mãe. Relata André Luiz o que foi dito a ele: “Sintonize relativamente à forma pré-infantil. Mentalize sua volta ao refúgio maternal da carne terrestre! Lembre-se da organização fetal, faça-se pequenino! Imagine sua necessidade de tornar a ser criança para aprender a ser homem! Segismundo parecia cada vez menos consciente, não nos fixava com a mesma lucidez e suas respostas às nossas perguntas afetuosas não se revelavam completas. Com grande assombro verifiquei que a forma de nosso amigo assemelhava-se à de uma criança”.
O relato emociona. Somos renascidos através de um processo ímpar de sinterização da forma. Os cientistas de cá reconhecem a grandeza do acontecimento e nos dizem: “O prolongado desamparo e a impotência de bebês podem ser um preço evolucionário, uma conseqüência necessária de ter um cérebro equipado para façanhas prodigiosas de aprendizagem e criatividade”.
Resta-nos sempre o quantum positivo das pesquisas tanto em livros quanto orais. Quantas vezes vamos aos centros espíritas e assistimos uma palestra, um seminário, um encontro sobre o assunto e não nos atentamos para a grandeza do mesmo. Sim, estamos reencarnados! Isto é verdade. Uma verdade que necessitamos estabelecer em definitivo em nossas consciências para que possamos julgar melhor nossos atos diários, pois tudo é e será de acordo com a lei de causa e efeito e a ciência, a passos largos, cada vez mais se aproxima da confirmação dos renascimentos múltiplos das almas e aí sermos livres de muitas amarras e o contributo à psicologia, antropologia e sociologia serão de tal forma que o homem verá o mundo de forma diferente e estabelecerá para sim novos padrões de vida e conduta.
Ainda reportando à questão 628 do “O Livro dos Espíritos”, em seu final os Espíritos superiores nos aconselham: “... Não deixeis de tirar desse material objetos de estudo; é um material que pode contribuir ativamente para a vossa instrução”. O Capítulo II do citado livro é todo um compêndio alusivo aos estudos reencarnatórios. Todos deveriam beber naquela fonte de sábias informações. Mesmo aqueles não espíritas. Estudar e conviver com a espiritualidade é salutar inteligente. Não vai demorar muito e a ciência estará oficializando sua adesão definitiva ao processo reencarnatório. Isto é fatal. O homem não pode mais caminhar, peregrinando em busca de soluções para tantas complexidades sem os conteúdos que a proposta reencarnatória oferece.
Guaraci de Lima Silveira

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