O economista participava de um debate, em que se discutia o
desemprego e,
após um engenheiro falar sobre a contribuição da construção
civil na demanda
por mão-de-obra, o mediador, entre irônico e sério, fez a
seguinte
afirmação-pergunta: "os professores não constroem
pontes; logo, o que eles
podem fazer para ajudar a diminuir o desemprego?"
Sem tempo para pensar, o hábil polemista respondeu, também
entre irônico e
sério: "realmente um professor não constrói pontes, não
levanta edifícios,
não pilota aviões, não cura doentes... Essas atividades tão
visíveis e
responsáveis por tantos empregos.
O professor se contenta com algo mais simples: ele prefere
construir o
engenheiro que levanta as paredes, instruir o comandante que
faz o avião
voar, formar o médico que cura, e ensinar os jornalistas a
fazerem perguntas
embaraçosas.
O professor não constrói coisas... Ele 'constrói' as pessoas
que fazem as
coisas, ou pelo menos ajuda as pessoas a construírem a si
próprias."
Dizia Immanuel Kant que o homem é a única criatura que
precisa ser educada e
a educação é a arte de formar os homens; isto é, desenvolver
neles
simultaneamente as faculdades físicas, intelectuais e
morais.
Os animais são resultado de uma fatalidade biológica; mas o
homem, conquanto
tenha sua porção animal, por sua biologia, é um ser dotado
de propósito
consciente.
Nesse sentido, o animal-homem é uma entidade ética, capaz de
construir,
mudar e aperfeiçoar seu pensamento, sua conduta e suas
atitudes.
Ortega y Gasset dizia que a vida nos é dada, mas não nos é
dada pronta. O
homem carrega, para além da sua fatalidade biológica, a
responsabilidade de
desenvolver o seu projeto de vida de acordo com sua livre
escolha entre as
várias opções que lhe são oferecidas para buscar a sua
felicidade.
Aí está o papel do professor, que não constrói pontes, mas
que ajuda o homem
a desenvolver a si mesmo, a moldar sua ação e erigir seu
edifício intelecto-moral.
O professor é um transmissor do seu saber, que deve deixar
ao aprendiz o
papel de escolher e construir a sua própria obra.
É na modéstia do seu propósito que o professor tem a nobreza
da sua missão.
E vale a pena lembrar a poesia do biólogo chileno Humberto
Maturana, feita
para um professor do seu filho, que inibia o desabrochar da
criatividade da
criança querendo impor-lhe um modelo rígido.
A poesia, denominada prece do estudante, pode ser vertida
para o português
da seguinte forma:
Não me imponha o que você sabe;
quero explorar o desconhecido,
e ser a origem das minhas próprias descobertas.
Que o seu saber seja minha liberdade, não minha escravidão.
O mundo de sua
verdade pode ser minha limitação;
sua sabedoria, minha negação.
Não me instrua; vamos caminhar juntos.
Deixe que minha riqueza comece onde a sua termina.
Mostre-se a mim, de maneira que eu possa subir em cima dos
seus ombros, e ver mais longe.
Revele-se para que eu possa ser alguma coisa diferente.
Você crê que todo ser humano pode amar e criar;
Compreendo, por isso, seu medo, quando lhe peço que deixe-me
viver de acordo com minha sabedoria.
Você nunca saberá quem eu sou, se escutar apenas a si mesmo.
Não me instrua; deixe-me ser; seu fracasso é que eu seja
idêntico a você.
"A educação é uma arte particular, que exige
vocações muito particulares;
exige qualidades morais que não são dadas a todos os homens,
tais como
sabedoria, firmeza, paciência, vontade e força para dominar
as próprias paixões;
Exige profundo conhecimento do coração e da psicologia do
ser humano, além do conhecimento dos meios mais apropriados para desenvolver no
aluno as faculdades físicas, intelectuais e morais necessárias ao seu
crescimento.
A educação é uma arte que precisa ser estudada, do que
resulta que o professor é, ele próprio, um eterno aprendiz".
Equipe de Redação do Momento Espírita, adaptação de artigo
do economista
José Pio Martins, publicado no jornal Gazeta do Povo, no dia
28/03/2005.
Fonte da imagem: Internet Google

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